Dinda

Quando meus avós morreram, não consegui ver nada de bom na vida. Só pensei o quanto era cruel em tirar as pessoas que nos amam. Tive raiva de Deus, diria até que o deixei por um bom tempo depois disso. O que eu agora vejo, é que a morte faz parte da vida. Eu não a aceito completamente, mas eu entendo que ela existe. É duro. Não desejo a ninguém esse sofrimento. Minha dinda Lucia morreu hoje, de câncer. Eu não tive a oportunidade de conviver muito com ela, mas o pouco tempo que eu tive foi especial. Todos nós cometemos erros, uns mais graves, outros mais leves, mas cometemos. Eu espero que possamos recuperar nos perdoando. Na ultima vez que eu a vi, a duas semanas atrás, ela já estava fraquinha. Porém, viva. Eu a abracei, a fiz rir, se distrair, e a comer. Naquele dia, foi a minha despedida com ela e eu sabia. Fui com o colar que ela me deu, ela ficou feliz em saber que eu havia guardado mesmo depois de anos. E a ultima coisa que falei foi: 'Não se esqueça de rir todos os dias". A maior beleza da vida pra mim é estar com quem a gente ama, sentir aquela felicidade imensa. Por isso vale a pena viver. E minha dinda foi feliz, teve uma família linda que sempre vai lembrar dela com muito amor. Espero que Deus esteja cuidando dela, como ela cuidou de nós. Eu te amo, dinda Lúcia.